giovedì 29 marzo 2007

O vazio acolhe-me



Esta dormência que se instalou lado a lado com os lugares vazios que percorro começa a esgotar toda e qualquer possibilidade de existir uma vontade, ainda que remota, de me erguer.
Hoje acordei em mim sem ter conseguido adormecer os dias passados . Virei-me sobre a palma direita, aquela que insistias em encostar à tua face quando choraste e essa lembrança mantem-me aqui, a pensar que tenho que fugir de mim, mas sem conseguir saír de ti.

Sinto-me tal qual prisioneiro que risca os dias nas paredes sujas do cárcere mas, ironicamente, sou eu que possuo as chaves que abrem todas as portas, inclusivé a tua. Mas cruzo os braços e deixo que o pó da inutilização se vá acamando sobre a falta de força, a vontade que extinguiste, a esperança que abandonei.

Acabo sempre por me render ao abandono de algo, nem que seja de mim, porque já há muito tempo que caminho num mundo que se move paralelamente a este em que todos os outros percorrem estradas a céu aberto. Eu dou passos num só trilho. Um trilho que descobri no dia em que morri e que escolhi para mim esta tristeza abismal sem a qual, começo a acreditar, não saber viver.

Os sorrisos não me ficam bem e o calor da côr foge de mim, o que me apraz já que pinto a minha vida a negro, nesta capa de simplicidade.

Há neste constante viver a morrer uma suave dependência.

1 commento:

A ha detto...

Sim, existe uma suave dependência, mas isso também já nós sabiamos que iria sempre ser assim.

Maníacos da tristeza como um culto e talvez a Lusa Atenas nos tenha visto sorrir mais do que o desejado pois foi uma altura de interrogar o que nunca se interroga, de questionar o Mundo, menos a nós próprios, no meio de um Circo maldito, de fazer um breve intervalo na tristeza dos dias que sempre serão assim.

Viver assim é viver um pouco mais ao fundo de tudo.
Mas o cultivo da dor deve ser feito com moderação, um pouco como a bebida e o tabaco, pois com o tempo, essa dor deixa de ser um alerta passageiro para passar a ser um incómodo inquilino que nos destrói a capacidade de VER o que se passa à nossa volta.

Tanta dor não pode ser nada de bom.
E até para o saldo ilimitado de tristeza, existe um limite. Sou eu,que te adoro, quem o diz.

Beijos :) e um sorriso