sabato 20 dicembre 2008

Past Presente No Future

In fiery flight we would leave
this hall
The Holy house, House of
God will fall
To death they go with music
and song
But our dread simply must
go on (...)

Thy Raven Wings - My Dying Bride


Fomos. Acreditámos. Voámos. Caímos. Deixámos. Sozinhos. Vazios. Menos. Tirámos. Vimos. Abraçámos. Dormimos. Perdemos. Sonhámos. Ficámos. Amámos. Tivemos. Tivemos. Tivemos. Tivemos. Tivemos.
E no meio da noite simplesmente deixámos de existir.


venerdì 21 novembre 2008

Quero matar-te, matar-me, morrer-te nos e fora dos braços. Estas paredes. São estas as malditas paredes, as estreitas correntes que nos puxam e afundam em laços desfeitos eternamente e para todo o sempre. As palavras, cadáveres que apodrecem à medida que se trocam da minha boca para a tua.
Morre comigo agora. Não me deixes ir só, quero mostrar-te esta falta de vida quando todas as cores se fundem na ausência de luz porque o abraço é frio e a dor corta fundo a alma ainda pequena. Porque ficas quando já nada te prende? Ainda ontem me dizias que de teu nada tens, que esta terra não te acolhe os passos. Vem comigo agora antes que te roubem à morte.
Quando a ilusão se esvair perecerás de desalento e o meu abraço não será mais que o final de um conto antes de adormeceres.

A ouvir The Whore, The Cook and The Mother - My Dying Bride

domenica 9 novembre 2008

desEnterrar

(...)Your chant casts a shadow over me... Your fire reduces me to ashes...
An Autumnal Night Passion (Movement I) - Desire



The hand of (my) fate - Contemplato per La Tempesta


Lembro na perfeição a última vez que te vi. Na tua cidade. Um ano depois, agora no meu "berço", frente a frente e sem escapatória possível aos teus lábios na minha face. Aos meus lábios na tua face.
Inalo fortemente o cheiro do teu cabelo e desta vez não é apenas uma lembrança. Olho-te pela curva do meu orgulho. Sorrio perante a semelhança dos actos que o tempo e a distância não alteraram. Lembro-me de tudo ao mais íntimo detalhe... Houve uma altura em que ríamos imenso, dançávamos até à exaustão, eu encostava a cabeça no teu ombro enquanto tu cantavas para mim. Lembro-me do sinónimo que deste ao meu nome. Recordo o significado que o teu nome ganhou, mas isso ficou em outro tempo. Isso era antigamente e o antigamente ficou onde pertence, lá longe num lugar dentro de mim em que Tu serás sempre uma das mais belas recordações.
Ontem os nossos nomes soaram a nomes. Ontem fui apenas eu e tu foste apenas tu.
Ontem não nos despedimos porque a nossa despedida fez-se envolta em silêncio e lágrimas, há muito, muito tempo atrás.
Assim como não cumpriremos promessas porque, entre nós, já não há nada a prometer.


A ouvir Locus Horrendus, The Night Cries Of A Sullen Soul - Desire

lunedì 13 ottobre 2008

Leaving this (waste)Land


Contemplato per La Tempesta

domenica 28 settembre 2008

365 dias

"Se fosses um desastre natural o que serias?"
Gostaria de ser uma eterna tempestade. Mas hoje é o meu aniversário e eu posso ser tudo o que quiser!


Lembrar-te-ás? Hoje ou em todos os dias? A sensibilidade escala cada segundo da tarde e o teu nome é pó que, lamentavelmente, ainda sopro do meu caminho. Já falta pouco, muito pouco para deixar de temer encontrar-te ao virar a rua e eventualmente esquecer o teu nome para sempre e para sempre é muito tempo.
Hoje não dançarei contigo portanto... achas que posso convidar os meus demónios para uma última dança?





giovedì 25 settembre 2008

Enfim

Oh, it's a long, long while from May to December
But the days grow short when you reach September
When the autumn weather turns the leaves to flame
One hasn't got time for the waiting game

Oh, the days dwindle down to a precious few
September, November
And these few precious days i'll spend with you
These precious days i'll spend with you

September Song - The Young Gods


Nada me apetece e tudo me aborrece solenemente. Quero estar e não estou, quero chorar e não choro. Devia sorrir... acho. Talvez não.
Começa a ser perfeitamente natural esta minha insatisfação perante qualquer mudança... ainda que tão desejada.
Não sei.
Simplesmente aborrece-me. Tudo me aborrece.
Deve ser do Outono.

venerdì 5 settembre 2008

Era de noite e por momentos julguei ver-te. Durante alguns segundos o meu corpo sucumbiu à possibilidade da tua presença, mumifiquei, os meus olhos secaram porque no rodopiar da cabeça as imagens diluíram-se e eu pensei, eu confundi por segundos. Apenas por segundos.
Pensei na morte que nunca veio, nas palavras que nunca curarão, nas mil e uma fugas impossíveis de concretizar quando o lugar em que me encontro não passa de um cubo vedado.

E depois parei de pensar em ti morto em mim para me lembrar do sangue célere como prenúncio de morte, o sorriso de prazer ao caminhar sobre os escombros da tua vida, a eterna luta dentro de mim entre o mal e a dissimulação do mal.

lunedì 25 agosto 2008

Dias pesados

« O conselho do oráculo a Zenão - Torna-te da cor dos mortos - é para ser levado à letra. O amor morre, sim senhor, e eles não ficam connosco para sempre. Estes lugares-comuns, piedosos e compreensíveis, não iludem outro igualmente banal: ficamos sem um bocado de nós. Assim, a cor dos mortos é o tom do tempo. Nas histórias e nas reflexões que se seguem estamos todos a olhar para um Sol que não nasce. É essa a cor

Filipe Nunes Vicente, in Educação Para A Morte


giovedì 14 agosto 2008

Soubesse eu como trocar o sofrimento da alma pelo do corpo e poderia esquecer-me que, algures, entre curvas do tempo eu existi.

mercoledì 30 luglio 2008

Escolha

Entre portas e janelas fechadas há sempre uma fresta por onde a luz, inevitavelmente, penetra. Assim sendo, deparo-me com a impossibilidade da exclusão do significado da palavra, assim como o do silêncio sem incómodo.

Nos outros. As vozes. No perecer da palavra.

Pensei que de tudo se podia fazer uma partilha, que poderia questionar intenções sem ter que verbalizar e talvez assim conseguir dialogar mente a mente. Continuo a não acreditar que a resposta, por vezes, não possa viajar em monólogos ou que os livros sejam prazeres exaustivamente dissecados, que para viver dentro da (a)normalidade tenha que me obrigar à comunhão de leis e regras.
Porque o caminho que percorro é o resultado das minhas opções.

As palavras. O mundo. No perecer da voz.

Não consigo deixar de escutar, observar... Não abdico do silêncio, desta carga emocional que rege cada acto com ou sem palmas no final perante o desfalecer da alma. Com mais ou menos palavras, jamais usadas levianamente, sinto-me despojo de uma guerra de gargantas mutiladas e raciocínios tolhidos pela falta de lógica. Mas é assim... (n)este mundo.
Sem palavras.

Mudo.

martedì 1 luglio 2008

Há sempre uma ou outra palavra que se acanha. Uma era pode ser sempre um pouco mais negra do que o passado e podes prever um futuro com fim de novela barata.
Quando a noite acaba morrem os "ses", mesmo assim aninhas o pouco que resta de ti no fechar da cortina, no shut down a que obrigas a tua mente.
Acredites ou não, não existe um sentido em tudo.

domenica 15 giugno 2008

Do aprender a ver, do não saber ouvir...

I

Because I do not hope to turn again
Because I do not hope
Because I do not hope to turn
Desiring this man's gift and that man's scope
I no longer strive to strive towards such things
(Why should the agèd eagle stretch its wings?)
Why should I mourn
The vanished power of the usual reign?

Because I do not hope to know
The infirm glory of the positive hour
Because I do not think
Because I know I shall not know
The one veritable transitory power
Because I cannot drink
There, where trees flower, and springs flow, for there is nothing again

Because I know that time is always time
And place is always and only place
And what is actual is actual only for one time
And only for one place
I rejoice that things are as they are and
I renounce the blessèd face
And renounce the voice
Because I cannot hope to turn again
Consequently I rejoice, having to construct something
Upon which to rejoice

And pray to God to have mercy upon us
And pray that I may forget
These matters that with myself I too much discuss
Too much explain
Because I do not hope to turn again
Let these words answer
For what is done, not to be done again
May the judgement not be too heavy upon us

Because these wings are no longer wings to fly
But merely vans to beat the air
The air which is now thoroughly small and dry
Smaller and dryer than the will
Teach us to care and not to care Teach us to sit still.

Pray for us sinners now and at the hour of our death
Pray for us now and at the hour of our death.



II

Lady, three white leopards sat under a juniper-tree
In the cool of the day, having fed to sateity
On my legs my heart my liver and that which had been contained
In the hollow round of my skull. And God said
Shall these bones live? shall these
Bones live? And that which had been contained
In the bones (which were already dry) said chirping:
Because of the goodness of this Lady
And because of her loveliness, and because
She honours the Virgin in meditation,
We shine with brightness. And I who am here dissembled
Proffer my deeds to oblivion, and my love
To the posterity of the desert and the fruit of the gourd.
It is this which recovers
My guts the strings of my eyes and the indigestible portions
Which the leopards reject. The Lady is withdrawn
In a white gown, to contemplation, in a white gown.
Let the whiteness of bones atone to forgetfulness.
There is no life in them. As I am forgotten
And would be forgotten, so I would forget
Thus devoted, concentrated in purpose. And God said
Prophesy to the wind, to the wind only for only
The wind will listen. And the bones sang chirping
With the burden of the grasshopper, saying

Lady of silences
Calm and distressed
Torn and most whole
Rose of memory
Rose of forgetfulness
Exhausted and life-giving
Worried reposeful
The single Rose
Is now the Garden
Where all loves end
Terminate torment
Of love unsatisfied
The greater torment
Of love satisfied
End of the endless
Journey to no end
Conclusion of all that
Is inconclusible
Speech without word and
Word of no speech
Grace to the Mother
For the Garden
Where all love ends.

Under a juniper-tree the bones sang, scattered and shining
We are glad to be scattered, we did little good to each other,
Under a tree in the cool of day, with the blessing of sand,
Forgetting themselves and each other, united
In the quiet of the desert. This is the land which ye
Shall divide by lot. And neither division nor unity
Matters. This is the land. We have our inheritance.



III

At the first turning of the second stair
I turned and saw below
The same shape twisted on the banister
Under the vapour in the fetid air
Struggling with the devil of the stairs who wears
The deceitul face of hope and of despair.

At the second turning of the second stair
I left them twisting, turning below;
There were no more faces and the stair was dark,
Damp, jaggèd, like an old man's mouth drivelling, beyond repair,
Or the toothed gullet of an agèd shark.

At the first turning of the third stair
Was a slotted window bellied like the figs's fruit
And beyond the hawthorn blossom and a pasture scene
The broadbacked figure drest in blue and green
Enchanted the maytime with an antique flute.
Blown hair is sweet, brown hair over the mouth blown,
Lilac and brown hair;
Distraction, music of the flute, stops and steps of the mind
over the third stair,
Fading, fading; strength beyond hope and despair
Climbing the third stair.


Lord, I am not worthy
Lord, I am not worthy

but speak the word only.

IV

Who walked between the violet and the violet
Whe walked between
The various ranks of varied green
Going in white and blue, in Mary's colour,
Talking of trivial things
In ignorance and knowledge of eternal dolour
Who moved among the others as they walked,
Who then made strong the fountains and made fresh the springs

Made cool the dry rock and made firm the sand
In blue of larkspur, blue of Mary's colour,
Sovegna vos

Here are the years that walk between, bearing
Away the fiddles and the flutes, restoring
One who moves in the time between sleep and waking, wearing

White light folded, sheathing about her, folded.
The new years walk, restoring
Through a bright cloud of tears, the years, restoring
With a new verse the ancient rhyme. Redeem
The time. Redeem
The unread vision in the higher dream
While jewelled unicorns draw by the gilded hearse.

The silent sister veiled in white and blue
Between the yews, behind the garden god,
Whose flute is breathless, bent her head and signed but spoke no word

But the fountain sprang up and the bird sang down
Redeem the time, redeem the dream
The token of the word unheard, unspoken

Till the wind shake a thousand whispers from the yew

And after this our exile


V

If the lost word is lost, if the spent word is spent
If the unheard, unspoken
Word is unspoken, unheard;
Still is the unspoken word, the Word unheard,
The Word without a word, the Word within
The world and for the world;
And the light shone in darkness and
Against the Word the unstilled world still whirled
About the centre of the silent Word.

O my people, what have I done unto thee.

Where shall the word be found, where will the word
Resound? Not here, there is not enough silence
Not on the sea or on the islands, not
On the mainland, in the desert or the rain land,
For those who walk in darkness
Both in the day time and in the night time
The right time and the right place are not here
No place of grace for those who avoid the face
No time to rejoice for those who walk among noise and deny the voice

Will the veiled sister pray for
Those who walk in darkness, who chose thee and oppose thee,
Those who are torn on the horn between season and season, time and time, between
Hour and hour, word and word, power and power, those who wait
In darkness? Will the veiled sister pray
For children at the gate
Who will not go away and cannot pray:
Pray for those who chose and oppose

O my people, what have I done unto thee.

Will the veiled sister between the slender
Yew trees pray for those who offend her
And are terrified and cannot surrender
And affirm before the world and deny between the rocks
In the last desert before the last blue rocks
The desert in the garden the garden in the desert
Of drouth, spitting from the mouth the withered apple-seed.


O my people.


VI

Although I do not hope to turn again
Although I do not hope
Although I do not hope to turn

Wavering between the profit and the loss
In this brief transit where the dreams cross
The dreamcrossed twilight between birth and dying
(Bless me father) though I do not wish to wish these things
From the wide window towards the granite shore
The white sails still fly seaward, seaward flying
Unbroken wings

And the lost heart stiffens and rejoices
In the lost lilac and the lost sea voices
And the weak spirit quickens to rebel
For the bent golden-rod and the lost sea smell
Quickens to recover
The cry of quail and the whirling plover
And the blind eye creates
The empty forms between the ivory gates
And smell renews the salt savour of the sandy earth

This is the time of tension between dying and birth
The place of solitude where three dreams cross
Between blue rocks
But when the voices shaken from the yew-tree drift away
Let the other yew be shaken and reply.

Blessèd sister, holy mother, spirit of the fountain, spirit of the garden,
Suffer us not to mock ourselves with falsehood
Teach us to care and not to care
Teach us to sit still
Even among these rocks,
Our peace in His will
And even among these rocks
Sister, mother
And spirit of the river, spirit of the sea,
Suffer me not to be separated

And let my cry come unto Thee.

T.S. Eliot, Ash Wednesday


martedì 20 maggio 2008

Run


Contemplato per La Tempesta


A ouvir Pulled Under At 2000 Metres A Second - Anathema

mercoledì 14 maggio 2008

Não vou mentir... escorrem-me as lágrimas em catadupa. Ainda assim não encontro forma de me explicar o que aconteceu, como estou, se sinto... alguma coisa.
Passado todo este tempo. É assim tanto tempo? É passado?
E eu... eu estou presente nisto???
Agora sou eu que não sei muito mais do que isto.
Tu dóis-me.

giovedì 1 maggio 2008

Anátema

«O que vem ao mundo para não perturbar nada
não merece nem consideração nem paciência.»
René Char


E eu condeno-te a noites insones!
A uma mente e coração asfixiado por dúvidas, a notas tocadas pelos dedos em sangue na busca de uma perfeição que sabes longe de ser alcançada. Condeno-te à constante lembrança de todas as promessas que quebraste e a uma vida de insatisfação pela própria vida que não comandas. Amaldiçoo-te os sorrisos com o passado que odiavas e profetizo-te o retorno a uma vivência vulgar de ser humano medíocre num cativeiro de mãos envelhecidas pela inércia e pela ausência de coragem.

Que todos os sentires fiquem sempre à distância da tua mão, sem nunca os conseguires alcançares.
Que o mundo te invada, rodeie mas não permaneça, que a tua casa seja a imagem da minha pele cicatrizada da tua passagem por mim enquanto eu renasço livre para caminhar neste mundo, ainda que só de ti. Que o meu nome, eterna lembrança, seja o fosso que se abre biblicamente no teu leito e que dos teus olhos vertam as lágrimas que tenho engolido.
Por último, no único segundo em que acreditarás finalmente descansar prometo-te que os teus olhos não se fecharão perante as minhas mãos abertas sobre a tua face e das linhas que tantas vezes beijaste, onde todos os teus segredos estão guardados, inflamar-se-ão as palavras para mergulharem de novo na tua garganta, para te esventrar de tudo o que de nós guardaste e aí, no teu último expirar inclinar-me-ei sobre ti para da tua boca resgatar o meu nome.
Partirás.
Absolutamente sozinho.


A ouvir Songs Of Darkness, Words Of Light - My Dying Bride

mercoledì 16 aprile 2008

(S)Inamorata


Lembro a noite e lembro a manhã.
Recordo a estrada coberta de cinza que se abria vertiginosamente à minha frente enquanto, sem que eu soubesse, os mares se afastavam para que pudesses caminhar.
Acelera mais um pouco, peço-te.
Põe a música mais alta e cala tudo o que não quero ouvir... Cala a minha voz e o meu coração que agora me bloqueiam o raciocínio e me aborrecem o olhar.
Cala-te tu também e vai até onde o mundo acaba.
"Onde queres ir? Gostava de ver o mar..."
Não quero ver o mar! Leva-me para longe, para onde queiras ir... Mas não para perto do mar.
Leva-me ao fim do mundo, pede-te a voz dentro da minha cabeça.
Fecho os olhos e encolho-me ao teu lado. Sei que estás a olhar para mim, julgas que durmo, que esqueci que atrás de nós se desenrola a serpente, que não lhe ouço o sibilar doloroso cada vez que o sol teima furar o nevoeiro.
Não quero saber! Só quero o silêncio, a música e que obedeças quando te digo que quero que me leves até ao fim do mundo. Não quero saber do veneno que escorre em jeito de poema pelas presas da serpente e finjo ignorar que foram as tuas mãos que me acordaram da serenidade da noite, porque na verdade ignoro.
Não páres nesta estrada em que nada existe, pois todos os caminhos que percorrerei terão início aqui e não quero.
Penso.
Peço-te.
"Posso ler-vos um poema ?" sibila a serpente. Olho para trás e de novo volto-me para ti, sem te ver, e por esta vez o ar enche-se de palavras, de aventuras parisienses, risos e medo. Medo dos sonhos em que os altares se incendeiam, medo da voz que me grita: A noite é eterna! enquanto desenlaço a corda à volta dos pulsos, medo por simplesmente sentir medo das horas que virão.

lunedì 17 marzo 2008

Cansada das MINHAS palavras

Ah! vous voulez savoir pourquoi je vous hais aujourd’hui. Il vous sera sans doute moins facile de le comprendre qu’à moi de vous l’expliquer; car vous êtes, je crois, le plus bel exemple d’imperméabilité féminine qui se puisse rencontrer.
Nous avions passé ensemble une longue journée qui m’avait paru courte. Nous nous étions bien promis que toutes nos pensées nous seraient communes à l’un et à l’autre, et que nos deux âmes désormais n’en feraient plus qu’une;—un rêve qui n’a rien d’original, après tout, si ce n’est que, rêvé par tous les hommes, il n’a été réalisé par aucun.

Le soir, un peu fatiguée, vous voulûtes vous asseoir devant un café neuf qui formait le coin d’un boulevard neuf, encore tout plein de gravois et montrant déjà glorieusement ses splendeurs inachevées. Le café étincelait. Le gaz lui-même y déployait toute l’ardeur d’un début, et éclairait de toutes ses forces les murs aveuglants de blancheur, les nappes éblouissantes des miroirs, les ors des baguettes et des corniches, les pages aux joues rebondies traînés par les chiens en laisse, les dames riant au faucon perché sur leur poing, les nymphes et les déesses portant sur leur tête des fruits, des pâtés et du gibier, les Hébés et les Ganymèdes présentant à bras tendu la petite amphore à bavaroises ou l’obélisque bicolore des glaces panachées; toute l’histoire et toute la mythologie mises au service de la goinfrerie.

Droit devant nous, sur la chaussée, était planté un brave homme d’une quarantaine d’années, au visage fatigué, à la barbe grisonnante, tenant d’une main un petit garçon et portant sur l’autre bras un petit être trop faible pour marcher. Il remplissait l’office de bonne et faisait prendre à ses enfants l’air du soir. Tous en guenilles. Ces trois visages étaient extraordinairement sérieux, et ces six yeux contemplaient fixement le café nouveau avec une admiration égale, mais nuancée diversement par l’âge.

Les yeux du père disaient: «Que c’est beau! que c’est beau! on dirait que tout l’or du pauvre monde est venu se porter sur ces murs.»—Les yeux du petit garçon: «Que c’est beau! que c’est beau! mais c’est une maison où peuvent seuls entrer les gens qui ne sont pas comme nous.»—Quant aux yeux du plus petit, ils étaient trop fascinés pour exprimer autre chose qu’une joie stupide et profonde.

Les chansonniers disent que le plaisir rend l’âme bonne et amollit le coeur. La chanson avait raison ce soir-là, relativement à moi. Non seulement j’étais attendri par cette famille d’yeux, mais je me sentais un peu honteux de nos verres et de nos carafes, plus grands que notre soif. Je tournais mes regards vers les vôtres, cher amour, pour y lire ma pensée; je plongeais dans vos yeux si beaux et si bizarrement doux, dans vos yeux verts, habités par le Caprice et inspirés par la Lune, quand vous me dites: «Ces gens-là me sont insupportables avec leurs yeux ouverts comme des portes cochères! Ne pourriez-vous pas prier le maître du café de les éloigner d’ici?»

Tant il est difficile de s’entendre, mon cher ange, et tant la pensée est incommunicable, même entre gens qui s’aiment!
Charles Baudelaire, Les Yeux des Pauvres


mercoledì 5 marzo 2008

Mourning the silence

I need to be alone tonight
Smother me or suffer
Lay down I'll die tonight
Smother me or suffer
When I'm gone wait here
Discover all of life's surprises
When I'm gone wait here
I'll send my child my last good smile

If you pass through my soul tonight
Gather all his troubles
Tomorrow's long eternal night
Gather for tomorrow
When I'm gone wait here

Discover all of earth's surprises
When I'm gone wait here
I'll send my child my last good smile

Between the cracks and hollows
The earth is good the earth is good

Between the cracks and hollows
The earth is good the earth is good

Lay down lay down lay down for me
Lay down lay down lay down with me
When I'm gone wait here
Discover all of lifes surprises
When I'm gone wait here
I'll send my child my last good bye

hey embrace me someone's gonna suffer
Lay lay lay it on lay lay lay it on me
Someone hey embrace me someone's gonna suffer
Sweet dreams my angel at last good bye
Sweet dreams

"Love Under Will" - Fields Of The Nephilim

lunedì 4 febbraio 2008

Ícaro

«Ausente de mim, quando estiver cansado de ti, sem saber para onde fugir, tu estarás no meu tremer de frio que não existe, no sorriso do meu rosto de alcóol, no meu susto de estar vivo. Uma agulha costura os orgãos uns aos outros para que a dor não se espalhe pelo corpo. A dor, este feixe de nomes vibrando junto ao coração. Um dia estarei longe, muito longe de mim e de ti. Terei perdido o corpo que te sente, irremediavelmente.»
Al Berto


No dia em que tiver que te dizer adeus afogarei a minha alma no sal de todas as lágrimas que fizeste desaparecer. Não mais ficarei nesta terra e voarei em direcção ao sol para lá descansar sem qualquer esperança de ressurreição.
Não quero voltar, não posso acreditar no homem nem no mundo. Os deuses abandonaram-nos há muito e das nossas mãos soltaram-se as cordas com que comandávamos os planetas. Nesta viagem desenfreada que iniciámos contra todos os vendavais, perdemos as rédeas na boca do destino, monstro ávido de pele quente, da respiração sufocada no ouvido, das palavras escondidas noite dentro, das mãos que se fundem no aglomerado de todos os cegos que um dia nos rodearam. Tu mantens-te nessa viagem sem te dares conta que me perdeste pelo caminho, algures, pela lentidão do teu tempo, eu tombei e a minha queda foi o eco do teu nome.
Tu continuas, continuarás hoje e sempre num tempo que é só teu, onde nas tuas mãos nascem melodias infinitamente tristes e morre o amor.
Por isso fujo da noite que tanto venero e vôo em direcção ao sol, acreditando ainda que sou um anjo. A ele entrego as asas dos meus sonhos onde se extinguirão num só sopro como eu extingui a tua chama.

domenica 20 gennaio 2008

Numa sonolência auto-infligida, reviro as palavras. Repito-me uma e outra vez enamorada do meu silêncio tão vasto como o oceano de sonhos em que me afundo.