lunedì 27 agosto 2007

Inocência

Posso afirmar com toda a certeza que já nada me prende aqui. É nestas alturas, aquando da percepção de um mundo que convida a tudo menos a uma existência saboreada sem laivos a fel, que ganho a imensa vontade de me misturar com a tinta que cobre as paredes da casa que um dia sonhei. Lembro-me dos lápis alinhados desordeiramente ao lado da folha de papel A4 ligeiramente amarrotada. Confesso que nunca tive muito jeito para desenhar, aborrecia-me porque à partida seria uma jogada perdida, nada se parecia com o que era suposto parecer, as mãos ficavam demasiado sujas e o papel acabava, inevitavelmente, no lixo. Mas lembro-me que, naquele dia, segurei o melhor que pude a folha com a minha mão esquerda enquanto que na direita crescia a indecisão da escolha das côres para a minha casa. Agarrei o lápis com muita força e desenhei. Desenhei o melhor que pude a minha casa, para que fosse a mais bela, para que a folha não fosse morrer no caixote do lixo, para que este primeiro projecto vingasse, porque seria o meu ninho e a minha fortaleza. Concentrei toda a minha atenção nuns míseros centrímetros de papel amarrotado, acabei e sorri. Sorri de contentamento porque a minha casa era tal e qual como eu a havia sonhado, foi o desenho mais perfeito que alguma vez surgiu das minhas mãos e o meu desenho era a lua.

martedì 7 agosto 2007

H.R. Gigger


Não desejando a particularidade de ouvir para além do que se deseja, abraçar o espaço preenchido de imensos nadas e mergulhar bem dentro do que se é. A visão nem sempre anda de mãos dadas com a crença e o sentir é apenas isso... um desejo na ponta do indicador. O que vês para além de um corpo exposto?
Eu vejo a benção do silêncio.