giovedì 21 giugno 2007

Once upon a time...

"The cold wind blew into my life, my adored. "
She Dies - Draconian

Sentir-te… ainda… escondido dentro de mim, como se assim não te pudesse encontrar. Quererei eu encontrar-te? Ter a certeza cruel de que irei sofrer um pouco mais?! Como se já não me doesse o suficiente este tempo em que me movo, estas noites de um sono atormentado que teima em não vir, as dúvidas que se acumulam sobre a certeza de que esta vida não é para mim.
Lembro-me de, uma manhã, ter acordado após desejar a morte, de me ter arrastado à procura da purificação da água e mesmo assim os meus olhos não se aquietaram. Quis engolir a tua dor, beber as tuas lágrimas, escudar-te da mágoa… nunca tive a noção de que as tuas mãos se tinham tornado punhais, que as tuas palavras me roubavam cada inspirar e que transformaste a noite num inferno.
Depois de ti veio o medo, a angústia, o desespero em existir aqui e a vontade imensa de querer fugir para onde não me conhecessem, para um sítio onde cada passo não me recordasse de ti. Are you still here? Am I real? Do I want you to be here?

Tell me, when have you brought darkness into my dreams?
Never... isto é apenas a realidade em que me deixaste acordada.




mercoledì 6 giugno 2007

Encantação


Contemplato per La Tempesta


Apetece-me o ódio a rasgar a pele, a entranhar-se na língua, a provocar o vómito acompanhado das lágrimas. Apetece-me as mãos encrespadas de garras afiadas rasgando a carne em dilacerante amor, a tesoura a passear pelos cabelos em cortes decididos junto à pele marmórea e doente. Apetece-me os olhos entreabertos em flamejante raiva e a vontade da morte a subir-me à garganta irrompendo num grito, meu, neste monte que habito onde todas as manhãs os vendavais me batem à porta. Desejo que o corpo se separe da alma e corra pela noite dentro em perseguição do sorriso que consigo cheirar, anseio que o sangue usurpe a paz momentânea que a minha mente adivinha e os olhos ausentes não me mostram e eu desejo... e eu anseio... que pelo negrume que tapou a lua os meus pensamentos ecoem como almas que dançam à volta das campas sem que ninguém as veja, que a minha lembrança assombre os sonhos, que o meu veneno invada as narinas e intoxique cada respirar. Que seja a minha imagem dilacerada e esquecida as notas que se transformam em música, que estas cordas que me orquestram os pulsos se soltem jamais, que os demónios fiquem aninhados no âmago e plantem o infortúnio, a desgraça, o amor traído, a dor inconsumível. Apetece-me que tudo o que foi construído rua num simples sopro, desabe a cada promessa de felicidade, que tudo se esvaia por entre os dedos... ao alcançe da mão.
Que no último respirar seja a minha mão que leve a escuridão.

A ouvir Too Cold For Tears - Swallow The Sun

Sahara

Escrevo-te no meio do que um dia teve vida, do que encheu o silêncio em movimentos suaves nos quais o vento se entretia em pequenos saltos de tempo. Escrevo-te em pequenos milésimos de segundos entediados pelo respirar compassado, envenenado e possante. O silêncio que transporta todas as palavras e que insiste em voltar atrás, devolvendo-me frases insignificantes, pálpebras insones perdidas no branco luminoso do sol que fere a retina e leva a uma cegueira louca.
Sinto a insanidade a roçar-me o son(h)o, o desalento a asfixiar-me o pensamento e a inércia tolher-me os movimentos. Das mãos nascem cristais baços, num parir repetitivo. Sem dor, sem comoção, sem um único traço de uma possível crença, um bater mecânico cuja única função é ecoar. Consegues ouvir?
Diz-me, consegues ouvir? PORQUE É QUE NÃO QUERES OUVIR??????????
OUVE AGORA! Não é possível semear a crença em mentes inférteis, porque o deserto abriu caminho pelo ventre da esperança e acamou-se para todo o sempre.
Poderás escavar apenas com as tuas mãos, uma após a outra mergulhadas num corpo árido que se oferece ao fogo que não consome. Não encontrarás lágrimas para beber, não mais encontrarás dor para te alimentares.
Daqui, já nada tens para levar mas podes arrancar um pedaço para guardares em ti.
Sabes... aqui é como o deserto, podes roubar-lhe um pouco de areia mas em nada o alterarás.