venerdì 4 settembre 2009

Ao som da música mais triste faço o meu coração dançar. As lágrimas voam em acordes descompassados. E sinto-me vazia, como que à espera de uma morte com data e hora marcada. São as luzes ao fundo a saudade que sei perto, são as mãos de luvas brancas a imensa vontade de me revelar que escondo em cada abraço que me dás.
Irás embora, como todas as outras pessoas que me deixaram sozinha a viver um dia após o outro sempre com a crença de que a sensação de felicidade é prenúncio de desgraça. Uma desgraça só minha, só a minha alma se consumirá e tudo aquilo que sinto se desvanecerá com o tempo. Com o passar das estações tu estarás cada vez mais longe e eu, eventualmente, mais gasta, cansada, empedernida e descrente... cada vez mais descrente e quiçá assustada. Com medo que cada sorriso ou cada gesto possa antecipar uma morte dentro de mim.
E se tu fosses, como dizia José Gomes Ferreira, o meu amor do norte que velaria por mim enquanto eu morria por algum tempo? Não sei. Tu não saberás. Nunca saberemos e o mundo também não, porque num qualquer golpe dramaticamente teatral, muito provavelmente, eu escolherei assassinar-te já dentro de mim.
Este é o preciso momento em que hesito entre a opção e a falta de escolha, entre o expôr-me e o salvar-me antes que o mar venha engolir-me.
Hoje, o teu dia é feliz e o meu divide-se entre a partilha da tua felicidade e o esconder, como se dela me envergonhasse, da minha tristeza. Levá-la-ei para bem longe e também eu irei. Em algum lugar minimamente remoto, um dia encontrarei a possibilidade de te dizer, sem correr o risco de que me ouças, o quanto do meu coração era teu.