" Migan asbet rafighe rooze jange Mo migooyom azoo behtar tofange Svaare bi tofang ghodrat nadaare Svaar vaghti tofang daare svaare Tofange daste noghream raa forookhtam Baraaye del ghabaaye terme dookhtam Ferestaadom baraayom pas ferestaad Tofange daste noghream daad-o-bidaad"
martedì 22 giugno 2010
I stayed there hours. Hours. Alone in the water. The music screaming in my head and i had no will to talk to you, to hear you fucking voice. Alone during timeless hours in the water. To weak to move, to dry to cry. Dumb and naked. I was alone in the water. Me. Those words. And the ilusion of my flesh ripped to pieces.
Há palavras que odeio mais do que outras! Que amaldiçoo mais do que outras! Como a palavra adeus ainda que não seja pronunciada. Abomino visceralmente esta palavra e o peso que tem na minha existência. As palavras... Sempre as palavras. Hoje não há palavras, há silêncio, imagens esbatidas do meu peito aberto e oco e há música. Sempre... a música... A música será a única coisa que, um dia, me salvará de mim própria.Eu... que sempre escrevi, hoje não desejo as minhas palavras. Que outros falem por mim porque hoje, eu... não posso.
Espelho dentro de um absorto espelho, quem vês dentro de ti mesmo, o teu frio, talvez, a tua carência, ou o convulso mistério que te embebe para ser parte de ti o que do éden tu desejas? Serás, por acaso, o meu altivo delírio, a outra metade perdida e nunca encontrada, o outro inimigo que me procura?
Obscura tentação do proibido, a tua indagação explica-me, turva-me até inflamar a perversa paixão da aparência, a vã leveza que me nega e te apaga, a que lança na minha alma a sua promessa de amor até ficar contigo, alheio e deslumbrado, para assim me destruíres lentamente. Mas o que procuras em mim? Serão os meus sonhos ou as minhas reencarnações futuras?
Afasta de mim a tua exalação tenebrosa, ou será que formaremos sempre um só ser, fundidos num corpo de cega luz. Sei que somos duas forças fustigadas, a luta fratricida entre Thanatos e Eros, a impiedade da noite e o desdém da luz, a claridade que pulsa com a sua agónica sombra. O horror e o afã de se extinguir na tua vertigem, sorvendo o teu brilho e o meu soluço, tornam infindável a miragem. O tempo divide-nos e reúne-nos. Na palavra elevada voltamos a olhar-nos, lenta ressurreição, sonho de pátria e vento, olhos onde começamos a encontrar as súbitas presenças da minha face e do teu revés, enquanto a solidão e o silêncio se afundam e nos deixam cativos, frente a frente, no nada.
Justo Jorge Padrón, «Thanatos e Eros» (in A Extensão da Morte)
P.S.As memórias, as canções e a luz... a luz... guardo-as sob a minha pele, no centro do peito, em substituição do meu coração.