Esta dormência que se instalou lado a lado com os lugares vazios que percorro começa a esgotar toda e qualquer possibilidade de existir uma vontade, ainda que remota, de me erguer.
Hoje acordei em mim sem ter conseguido adormecer os dias passados . Virei-me sobre a palma direita, aquela que insistias em encostar à tua face quando choraste e essa lembrança mantem-me aqui, a pensar que tenho que fugir de mim, mas sem conseguir saír de ti.
Hoje acordei em mim sem ter conseguido adormecer os dias passados . Virei-me sobre a palma direita, aquela que insistias em encostar à tua face quando choraste e essa lembrança mantem-me aqui, a pensar que tenho que fugir de mim, mas sem conseguir saír de ti.
Sinto-me tal qual prisioneiro que risca os dias nas paredes sujas do cárcere mas, ironicamente, sou eu que possuo as chaves que abrem todas as portas, inclusivé a tua. Mas cruzo os braços e deixo que o pó da inutilização se vá acamando sobre a falta de força, a vontade que extinguiste, a esperança que abandonei.
Acabo sempre por me render ao abandono de algo, nem que seja de mim, porque já há muito tempo que caminho num mundo que se move paralelamente a este em que todos os outros percorrem estradas a céu aberto. Eu dou passos num só trilho. Um trilho que descobri no dia em que morri e que escolhi para mim esta tristeza abismal sem a qual, começo a acreditar, não saber viver.
Os sorrisos não me ficam bem e o calor da côr foge de mim, o que me apraz já que pinto a minha vida a negro, nesta capa de simplicidade.
Há neste constante viver a morrer uma suave dependência.