mercoledì 6 giugno 2007

Sahara

Escrevo-te no meio do que um dia teve vida, do que encheu o silêncio em movimentos suaves nos quais o vento se entretia em pequenos saltos de tempo. Escrevo-te em pequenos milésimos de segundos entediados pelo respirar compassado, envenenado e possante. O silêncio que transporta todas as palavras e que insiste em voltar atrás, devolvendo-me frases insignificantes, pálpebras insones perdidas no branco luminoso do sol que fere a retina e leva a uma cegueira louca.
Sinto a insanidade a roçar-me o son(h)o, o desalento a asfixiar-me o pensamento e a inércia tolher-me os movimentos. Das mãos nascem cristais baços, num parir repetitivo. Sem dor, sem comoção, sem um único traço de uma possível crença, um bater mecânico cuja única função é ecoar. Consegues ouvir?
Diz-me, consegues ouvir? PORQUE É QUE NÃO QUERES OUVIR??????????
OUVE AGORA! Não é possível semear a crença em mentes inférteis, porque o deserto abriu caminho pelo ventre da esperança e acamou-se para todo o sempre.
Poderás escavar apenas com as tuas mãos, uma após a outra mergulhadas num corpo árido que se oferece ao fogo que não consome. Não encontrarás lágrimas para beber, não mais encontrarás dor para te alimentares.
Daqui, já nada tens para levar mas podes arrancar um pedaço para guardares em ti.
Sabes... aqui é como o deserto, podes roubar-lhe um pouco de areia mas em nada o alterarás.

Nessun commento: