Refugio-me na sombra que projectam as minhas mãos,
como se defendesse a minha fronteira de sonhos.
Alguma coisa relampeja por dentro dos olhos,
vislumbro nos seus frenéticos sinais
as opacas densidades do espanto.
Enxames de perguntas como insectos,
como duros pirilampos ferozes
cuja luz me alcançasse em todos os meus exílios,
que me rodeiam, que me cegam com o seu alude.
Sinto a mansidão da mutilação,
caindo sobre a alma, calcinando
a simples relação da minha história.
Toco a hostil humidade no anoitecer
das tensas palavras que não esqueço
e esqueço a palpitação do poema,
como se fosse o infinito espaço
que abraçasse o planeta solitário que eu sou.
Justo Jorge Padrón, Densidades do Espanto
mercoledì 13 ottobre 2010
lunedì 4 ottobre 2010
Catarse
Estou tão só comigo que chega a ser quase orgásmico. Abro a boca para deixar sair o fumo. Descontrolo os movimentos e é um cavalo que galopa para fora de mim e se estende no caos das imagens e do som, estranho, bizarro, adjectivos, pronomes e nomes, nomes, NOMES, pessoas e gente que cheira demasiado a multidão e eu não quero estar na multidão apetece-me esta solidão egoísta de ser uma vírgula quase enrolada como um feto com medo de vir ao mundo e gritar que não quer nascer da falta de amor e se não grita então foge para onde não o possam ver, não suporta que o olhem com ouvidos que não conhecem palavras com significados para além de silêncio, vazio, eco, eco, eco, eco. Páro e não páro afinal. As minhas mãos não me obedecem só o resto do corpo morreu e a alma saiu para tomar café já que a insónia não se vai embora, mas a alma não volta, também não quer ficar aqui comigo e com a confusão e com todos os livros que não se abrem e os restos de lembranças que apodreceram naquele canto ali ao fundo, aquele bem escondido por trás do boneco que canta e abana a cabeça e que me faz companhia quando me sinto demasiado sozinha. Vai-te foder dirias tu. Já perdi toda a legitimidade em dizer que me sinto sozinha, perdia-a de tanto a ter gasto em lágrimas e sofrimentos ad eternum que o Pai sempre ignorou. Eu sabia que devia ter sido uma menina melhor! Eu sabia que devia ter ajudado os outros! Eu sabia que não devia ter mentido ao padre em confissão! Para o caralho! Eu sabia tudo isso e ainda assim fiz e aconteci e aconteci e perdi-me e encontrei-me e se olhar para trás lembro-me de tudo e tento esquecer outro tanto.
Eu prometo que me vou portar melhor!
Eu prometo! Prometo! Prometo!
Eu prometo que me vou portar melhor!
Eu prometo! Prometo! Prometo!
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